Adaptação livre do romance Tutta Colpa di Fidel, da jornalista italiana Domitilla Calamai, o longa – metragem é a primeira ficção de Julie Gravas (filha do cineasta grego Costa – Gravas). Anna de La Mesa (Nina Kervel) é uma pequena dama de nove anos, que ensina seu irmão François a se comportar na mesa, adora natação, a sua grande casa, o seu belo jardim e estuda num colégio católico. Mas tudo em sua vida muda a partir do momento em que seus pais resolvem se tornar ativistas políticos.
O mundo de Anna se resume ao seu colégio, onde convive com outras meninas igualmente damas; o seu belo jardim e sua babá anticomunista que fugiu de Cuba após a revolução liderada por Fidel.
Tudo isso começa a desaparecer quando sua tia Marga e sua prima Pilar vão morar na casa de seus pais por conta do assassinato do seu tio pelo regime do general Franco. Tal fato faz com que seu pai comece a refletir a respeito dos seus princípios políticos, pois seus pais espanhóis eram Pro – Franco, uma espécie de fardo que ele carrega. Primeiro ele abandona o emprego e todos vão morar num apartamento bem menor, sem jardim e sem babá. A mãe, vivida por Julie Depardieu, escreve pra revista Marie – Clarie, mas se interessa a escrever um livro sobre o direito ao aborto e a contracepção.
O filme retrata os fatos históricos do período entre 1970 e 1971. O ativismo político dos pais começa depois de uma viagem ao Chile, a partir de então, passam a intermediar a campanha de Salvador Allende. O pequeno apartamento passa a ser freqüentado pelos ‘barbudos’ chilenos amigos de seus pais e por ‘mulheres choronas’ que vão conversar com sua mãe. Anna é obrigada a sair do catecismo, distribuição de riqueza e espírito de grupo começa a ser o assunto que mais se ouve em casa, sua antiga babá fora substituída por militantes estrangeiras que se exilaram na França, passa a comer ‘comidas estranhas’ da Grécia ao Vietnã…
O Pequeno François encara bem as condições, mas Anna fica aborrecida com todas as mudanças, a sua ex babá cubana a fez acreditar que os comunistas, os ‘barbudos’ de vermelho, expulsam as pessoas de suas casas; o Fidel enlouquece a todos, então, a culpa de sua condição atual é dele; Sua avó diz que os ‘vermelhos’ são pobres e querem tirar tudo deles.
Todas essas informações são muito confusas para a pequena ‘múmia’ (como são chamados no Chile todos aqueles que se opõem a Allende) que começa a questionar tudo, até a tentativa de seus pais lhe convencer que tudo aquilo que fazem é o certo.
Sem apelar às pieguices, o longa é bem humorado e inteligente. Conta de forma singela o que é ser filho de comunista (situação que a própria diretora viveu). Acredito que muitos que tem pais esquerdistas vão se identificar com frases como: ” já disse pra não ler isso, o Mickey Mouse é um facista!”.
O filme trata, sobretudo, de trazer questionamentos éticos e políticos, principalmente nos momentos em que Anna põe em xeque as convicções dos militantes e questiona realidade conservadora de seu colégio católico. Além disso, a própria menina consegue ver as coisas de forma mais crítica e ampliar sua visão de mundo. Suas perguntas faz perceber o quanto uma criança, mesmo com sua aparente inocência, é capaz de ‘tocar na ferida,’ de fazer indagações as quais os adultos tão convictos de suas posturas não conseguem formular para si mesmos a fim de realizarem uma auto reflexão.
Muito bom, me deu vontade de assistir esse filme.
Valeu pela dica.
Ate+
Ótimo post Jú!
Você conseguiu pegar o espiríto do filme e transformar em um belo artigo.
Bjs!!!
Bela escrita Dona Moça!
Agora conta mais o filme, pois, fiquei curiosíssima!
Ery, nem se preocupe, você mesma o verá. Não sou estraga prazeres rs
Ahhh..
ótimo filme!
Oi Kiune, blz?
Estou devendo algumas resenhas de filmes, vamos ver se com o tempo eu coloco aqui no Sagaz.
Resenha que faz a gente querer ver o filme de imediato.
Valeu Juliana.
Abração!